Onde estão meus poemas?
Já olhei em todos os cantos,
Vasculhei meus recantos
E não acho um verso sequer.
Onde os terei deixado?
Em que curva de estrada
Esqueci meus versos brancos petrificados?
Por certo ficaram em alguma encruzilhada
Ou embaixo de alguma pedra no meio do caminho.
É possível que uma Nega Fulô
Os tenha levado
Para depô-los aos pés
De um Orfeu reinventado,
Ou então, quem sabe,
(suprema ironia)
Um anjo torto saído das sombras
Os tenha levado a um outro
Mais errado que eu
E por isso mesmo mais poeta.
É possível até
Que meus versos mal rimados
Tenham ficado do outro lado do oceano
E que sirvam de dardos e capas
Para homens que toureiam
Em eternas cinco da tarde.
Quem sabe se minhas folhas rabiscadas
Caídas em alguma grama
Não tenham sido pisadas
Pelos rebanhos de algum guardador de ar.
Só sei que em meio a tantas letras,
Tantos verbos, pronomes e vocábulos,
Eu perdi todos os meus poemas
E só assim encontrei minha poesia.
Bravo, eu perdi meu poema.
ResponderExcluirGostaria de ser poeta, mas não rimo uma fresta com aresta e o que me resta é a testa de quem não presta. Sds ao amigo das letras.
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