segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Arcópolis¹



Duas vias que levam
nossos passos ao passado.
Caminhos de volta,
caminhos de pedra.
É um lugar onde a saudade canta pra lua
que devolve as notas
em beijos prateados.
Os meus pés de moleque maroto
palmilham zelosos
na ânsia de tudo ver.
Um homem branco de mão estendida
em gesto de eterno convite e doação.
Lágrimas que escorrem da pedra
pela ausência sempre presente.
Um gigante de aço movido a lembrança,
quantos lenços já lhe acenaram da estação
hoje tão outra?
Uma Índia de tribo nenhuma
lança uma saudação muda
num gesto universal.
Beleza a estender-se até o limite do olhar.
Gente que espia de dentro das músicas que habitam
e que se derramam atravessando gerações.
Casas-Músicas-Poemas
guardiões do tempo.
Conservo na memória
o que conserva a história
de Conservatória!

Glaucio Cardoso
01/11/12




[1] Do Grego Arché = orginário, principal + Pólis: cidade, localidade civilizada = Cidade Originária (título dado pelo amigo e irmão espiritual Thales de Oliveira)

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

La Commedia è finita[1]




Cai o pano,
Cessa a canção,
As cores se dissipam
No apagar das luzes.
A vida real nasce da ilusão,
A máscara expõe a pessoa nua.
Sem a maquiagem
Toda a essência se esvai
E me vejo como triste mentira.
Sou um ator à espera de
Um personagem para viver
Ou sou quem espera que me vivam?
Glaucio Cardoso
08/01/13


[1] Fala final da ópera Pagliacci, de Leoncavallo, podendo ser traduzida como “A peça acabou”.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013