segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

De passagem



Quando meus olhos se abriram
e pude encarar meu próprio rosto
com a cabeça tombando para o lado,
percebi que algo de mim estava morto.
Houve gritos e exclamações,
choros e lamentos
e as vozes dos que me amavam
bradando meu nome;
mas não havia o que responder,
pois o que eles viam de mim
já não era eu,
pois o que eles viam de mim
já não era meu;
ali, onde julgavam ver a mim,
não era onde eu realmente estava.
Pairei por algum tempo
entre o sonho e o delírio,
sem ter exata noção
de mim mesmo.
Houve saudades,
houve preces,
missas foram encomendadas
e cantos foram entoados;
e tantos foram os que me receberam
quanto os que não queriam me deixar partir.
Mas a caminhada era somente minha,
e por isso eu precisava me encontrar
em meio às minhas próprias dúvidas.
Ah, Senhor! Mostra-me o caminho,
que andar é minha sina
pra chegar mais junto a Ti.
Glaucio Cardoso
28/09/15