sexta-feira, 26 de junho de 2015

Desmotivo



“Cansei-me de ser moderno. Quero ser eterno.”
Pablo Picasso
Arre! Basta de discursos
e que venha a discursividade!
Me vejo farto de teorias,
atolado em conceitos.
De que vale tanto falar
se veda os caminhos indicados?
Só o que é preciso
é abraçar a expressão,
é explodir num brado retumbante
ou num retumbo bradante,
ou apenas num silêncio
capaz de sacudir as pedras.
Há que se dançar sem medida,
cantar fora do tom,
fazer filmes com folhas secas,
na relva, na pedra ou no cabide,
deixar corram livres lágrimas
levando leves lufadas enluvadas.
É tempo de idolatrar a dúvida
e retomar o caos primevo.
Jogar fora tudo o que não chegou a ser
e “lutar com as palavras” lado a lado
no vão por onde vão
todos os vãos desejos a escorrer pelo ralo.
Arre! Basta de discursos,
e que venham as palavras!

domingo, 14 de junho de 2015

Ilusória distância



Saudade, palavra única,
Sentimento de todos;
Vivência que chega
E não se vai.

Saudade, palavra ingrata.
Como um som tão bonito
Consegue doer tanto?

A saudade sempre nos alcança
E não tem jeito de fugir;
Saudade pode ser doença,
Banzo de quem é desterrado
De si mesmo.

Saudade pode ser só lembrança,
Mas como cresce...
E fica do tamanho
Que a alimentamos.

Saudade causa engano
Em fazer acreditar
Que é eterna
Quando é só infinita.

Saudade é esperança
E promessa de reencontro.

Natal – 05/06 
Mesquita – 12/06