terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Gênesis



No princípio, era o verbo
E o verbo era “poesiar”,
Intransitivo, mas adverbiável,
Pois que aceita ser modificado
Para ter intensidades mil,
Modulações diversas
E a eternidade do atemporal.

Eu poesio meu íntimo mundo
Em versos repletos de verdade.

Tu poesias aquilo que sentes,
Fazendo de cada linha um pequeno jardim.

Ele poesia em cada passo,
Em cada curva de caminho
Pra dizer a palavra certa.

Nós poesiamos lado a lado,
Estreitando nossos laços
Como irmãos de versos.

Vós poesiais conosco,
Com vossas vozes em uníssono
Na arte de se doar.

Eles poesiam deveras,
Seja ouvindo, seja falando,
Seja lendo, seja criando.

E nesse encontro de verbos com versos
O mundo inteiro há de se conjugar,
Na mais bela de todas as preces
No altar mor da Santa Poesia.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

O Educador

Línguas de fogo sobre as cabeças!
As pedras falam...
Os velhos sonham...
Os jovens profetizam...
A Cidade Luz o recebe,
Discípulo a fazer-se mestre,
Mestre ainda que aprendiz.

Línguas de fogo sobre as cabeças!
Pedras, falam.
Velhos, sonham.
Jovens, profetizam.

A terra de tantas revoluções,
Capital do Iluminismo,
Serve de ninho
Do qual alçará voo de luz
A ave luminosa,
Altaneira, deslumbrante.

Línguas de fogo sobre as cabeças!
Falam,
Sonham,
Profetizam
Que os tempos são chegados
Pelas mãos capazes,
Pela voz tranquila,
Pelo olhar à frente.

Línguas de fogo sobre as cabeças!
As Pedras – A Fala.
Os Velhos – O Sonho.
Os Jovens – A Profecia.
O Homem – A Missão.