terça-feira, 22 de março de 2011

U. T. I. (Um Tempo Inquieto)

Atrás das paredes frias
o embate prossegue incessante.
Dois gigantes potentes
se puxam, se empurram
no combate indeciso.
Eros e Tânatos,
Apolo e Dionísio,
a pomba e o falcão
unidos em dança,
dois passos pra lá,
dois passos pra cá.
Vitória e derrota se fundem,
confundem, difundem
num momento infindável
de êxtase e agonia.
Essa dança prossegue
da aurora ao ocaso
e avança na noite
até a alvorada.
No meio da luta
pequeno ruído num ponto distante
destoa da batalha silenciosa.
E o mundo...
E a luta...
E o luto...
E o tudo...
Param pra ouvir.
Um choro fraquinho,
baixinho, miudinho,
singelo, tão belo,
tão nobre, tão pobre,
tão fraco, tão sacro,
tão lindo, infindo
num simples momento
faz quente na gente.
Atrás das paredes frias
o embate prossegue incessante...
Acima das máquinas que me respiram
e das luzes que me pulsam
O choro miúdo
do filho ainda de outro
me deu resultado
dizendo inegável
que a vida venceu.

2 comentários:

  1. "Acima das máquinas que me respiram
    e das luzes que me pulsam..." Sensacional! Poema único! Sublimou!

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  2. Profundos, como sempre. Valeu amigo!

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