Mãos estendidas,
Coração aberto,
Vontade de servir,
Doação energizada,
Energia doada.
Dou de mim o que me vem de palmas etéreas,
Passo adiante o gesto,
O gosto de ser menor,
De crescer no rebaixar,
De transmitir luz
Estando de olhos fechados.
Não sou eu quem transluz,
Eu-veículo do Alto,
Eu-ferramenta,
Eu-instrumento,
Eu-caridade oriunda do oculto
Que não é mistério.
A mente equaliza
Em sintonias suaves,
O espírito iguala
No desejo doce,
nas sutis freqüências
do que passo,
do que posso,
do que se passa
no meu passe.
A simetria dos versos é impressionante. Com a mesma verdade presente no "oculto que não é mistério", poderíamos dizer confiantemente "mistério que não se faz oculto". De onde provém tal bilateralidade perfeita? Da própria meta significante do poema: a doação. A doação é oculta e misteriosa, mas jamais ambas a um só tempo, pois seu tempo é aberto e luminoso, mesmo que instantâneo. Entre as forças da natureza, não há nenhuma mais pura e mais pungente. Aprendemos com teus potentes verbos que a caridade não é vaidade, mas não é fraqueza, e sim poder! Passo porque posso. Posso porque devo. Devo porque o divino é o inexorável absoluto "do que se passa no meu passe" e permanece em meu fôlego dadivoso.
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