terça-feira, 30 de julho de 2013

Indefindável



“O espelho para ver o rosto; a arte para ver a alma.”
George Bernard Shaw

Eu existo desde antes do princípio
Com meu incerto nascer.
Já fui pedra marcada com palma
E já fui verbo a me refazer.

Eu divinizo homens.
Eu materializo deuses.
Posso recriar o que se foi;
Posso apontar o que virá;
Posso revelar o que já é.

Há quem diga que sou sete,
Há quem pense que sou uma,
Há quem me entenda a infinitude.

Não tenho passado, presente ou futuro,
Sou o agora acontecendo no sempre.
Eu me transformo
Sem deixar de ser;
Eu complemento minha inteireza.
Me questiono,
Me transmudo,
Me adapto,
Me amplio,
Aceito as mudanças
Sem deixar de ser o que sou,
Sem deixar de ser o que sei.

Sou a resposta da pergunta não feita.
Sou a pergunta que não espera resposta.
Sou a afirmação duvidosa
E a dúvida certa.
Sou o que sou.

Eu oro nos altares de todos os deuses,
Eu sou cultuada até pelos infiéis.
Não tenho pátria,
Nem fronteiras,
Nem bandeiras,
Nem limites.

Minha história enfrenta
As crises que não me afetam.
Canto em línguas que invento,
Tenho todas as raças,
Cores, sabores e tons.

Eu me indefinizo em gestos diversos
E nem me importo quando decretam meu fim,
Pois é de inúmeros e incontáveis fins,
Em múltiplos meios,
Que justifico minha eternidade.
Glaucio Cardoso
Julho de 2013
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário