quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Aequalitas¹

A morte de cada homem diminui-me, porque eu faço parte da humanidade;
eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim.
John Donne
(1572 – 1631)
Poeta Inglês
Hoje não cantarei
o sacrifício dos mártires
não lamentarei
o holocausto dos inocentes
também os desesperados
perseguidos e humilhados
não receberão
as gotas de meu pranto
Antes que me acusem
que me apontem insensível
que me olhem com desprezo
eu explico para quem
minhas lágrimas correm
Eu choro os odiados do mundo
pois por eles não há quem reze
e enquanto muitos lhes desejam os infernos
peço a Deus que os receba
guiando suas consciências
ao reconhecimento de seus atos
Enquanto a turba celebra
a morte de assassinos
elevo uma prece em seus favores
As manchas de um crime
não se lavam com um outro
que tinge as mãos “justiceiras”
No momento derradeiro
um homem é só um homem
e não há diferenças
Por isso eu oro
por aqueles por quem não oram
pois reconheço em sua humanidade
a mesma que existe em mim
E quem sabe
um dia
alguém
me há de lembrar

20/10/11
Dia em que o ditador líbio Muamar Kadafi foi morto. Deus o ampare.


[1] Igualdade (latim)

2 comentários:

  1. muito lindo, muito bacana ... nos faz repensar como tem sido nossos pensamentos perante a essas pessoas que são intituladas odiados.

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  2. É bem útil um tal pranto
    É mesmo de todo encanto
    pra alma que parte assim
    Queira eu também ter dó
    daquele que não tem dó de mim
    Heitor

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