sexta-feira, 4 de julho de 2025

Visita à casa do poeta que admiro


Eu piso com reverência

As lajotas de pedra da calçada.

Observo com encantamento quase ingênuo

Cada um dos móveis da sala.

Ritualisticamente,

Passo meus dedos

No tampo da mesa

Sem pensar que ali,

Naquela tábua,

Foi onde o homem

Comeu seu almoço corriqueiro,

Contou as moedas do magro salário,

Tomou a lição de filhos e netos,

Amargou as horas lacrimosas de desesperança.

Não, tudo em que

Consigo pensar

É no poeta debruçado

Sobre uma folha de papel

A criar para a cabeça dos leitores

Uma vida que nunca teve,

Mas que viveu plenamente.

Glaucio Cardoso

13/04/19

Nenhum comentário:

Postar um comentário