quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Do luto

 



Escrevo como forma de luto,

na esperança de que versos,

com ou sem métrica,

com ou sem rimas,

com ou sem,

sem…

de que versos traduzam

as lágrimas que guardo,

tanto quanto as que correm,

na esperança de que versos

substituam a vivência de um luto

que não temos mais como nomear.


Escrevo como forma de luta,

na tentativa de que os versos

desatem os nós na garganta,

na tentativa de que os versos

sejam gritos de protesto,

de denúncia,

de resistência

a toda a opressão

e violência que insistem

em imperar a cada geração.


Escrevo em luto,

escrevo em luta,

me recolho no luto

sem me encolher na luta.


E entre o luto e a luta,

escrevo…

Escrevo na esperança de reunir

versos para curar o tempo.

Glaucio Cardoso

10/09/21

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