quarta-feira, 24 de março de 2021

Passos do amor



O Amor saiu sem máscaras pelos caminhos.

Se mostrava abertamente e mesmo

poucos o reconheceram.

Descobriu, sem surpresa,

que outros andavam se passando por Ele.


A Paixão, por exemplo.

A Paixão se mascara de amor

confundindo companheirismo com submissão

e partilha com posse.

Desequilibrada, a Paixão queima feito fogo

na mata seca,

e depois de passar,

tudo o que sobra são cinzas ao vento.


O Amor também foi confundido com a Volúpia.

Essa força geradora de vida

é capaz de aproximar o humano do divino,

e, ao unir corpos na entrega sincera,

aproxima as essências com a magia da intimidade.

Corrompida pela mesquinhez humana,

a Volúpia transforma o sagrado sexo

em moeda de troca e jogos de poder.


Tem quem pense toscamente

que o Amor é sinônimo de loucura,

essa turvação dos sentidos e da visão

que inverte tudo.


E assim, de passo em passo,

o Amor foi reparando

em tantas coisas

que são tomadas por ele.


Mas continuou seu caminhar,

certo de que nas encruzilhadas desse mundo

há de haver aqueles que o reconheçam pelo que é.

Criador, gerador, geratriz,

toque, afago, presença,

saudade, lembrança e promessa.

Porque ao Amor pouco importa

com o que o confundem.

Porque ao Amor só importa amar.

Glaucio Cardoso

fevereiro de 2021

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