segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Viajante



Para B.
Eu já bati meus pés descompassados
Ao rufar de ritmos ancestrais,
Quando era parte do rio e do peixe,
Irmão das aves e amigo dos grandes predadores.

Eu também já tangi cordas sensíveis
Em tons orientados no oriente,
Dissonâncias harmônicas que nunca deixei.

Em outras terras
Cantei em uníssono com os mártires
Depois de ter prostrado-me perante o mármore.

Já orientei minha cabeça
Aos pais e mães astrais
E era um fruto da negra continência
De muitos ritos,
Tantos mitos e matizes,
Cantando em línguas inesquecidas
Minha própria ancestralidade.

Já andei tanto e movi moinhos,
Já abri e fechei tantos caminhos,
Já dancei em tributo à vida
Ávida de viver.
Em tudo eu buscava
Aquele que É vários,
Centenas ou milhões,
Que É UM e não tem nome,
Mas que é chamado de...
E atende a todas as vozes,
Como atendeu a minha.
Glaucio Cardoso
31/01/2014

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