sábado, 10 de novembro de 2012

Meu nome


Eu sou o homem
Cantando sozinho na noite,
Sou a voz de quem clama no deserto,
Sou o deserto e o vento e a duna a desfazer-se.
Eu sou uma pergunta
Que não se fez,
Sou a indagação muda
Que não espera resposta.
Eu sou a resposta da pergunta não formulada,
A resposta indizível,
Inaudível,
Inútil,
Indispensável.

Eu sou as palavras que não foram caladas,
Eu sou as canções de cantáveis,
Eu sou estrelas mudas,
Sou riachos e mares,
Sou o sussurro de amor,
Sou os gritos de saudade,
Sou encontro e ausência,
Sou um coro de anjos,
Sou uma orquestra de pássaros,
Sou o corpo dançante,
Sou a alma brincante,
Sou o saber do profeta,
Sou o sonhar do filósofo.

Sou pedra e caminho,
Sou mundo e moinho,
Sou átomo,
Sou cosmo,
Macro e micro,
Tudo, todo e nada.
Eu sou você e sou outro.

Anjo,
Musa,
Duende,
Divino e satânico,
Olímpico, asgardiano,
Egípcio, xamânico e yorubana.

Sou alento,
Consolo,
Desconforto confortável,
Faço pensar e sentir,
Sentido vivenciado no sem sentido.
Eu acalanto os seres
Para despertá-los.

Estou em todos os lugares,
Momentos e movimentos.
Invisível e palpável,
Tenho a diafaneidade concreta
De simplesmente ser.

Os tolos me abandonam,
Mas me necessitam;
Os sábios me buscam
Sem que me compreendam
(e é por isso que me buscam).
Eu sirvo a quem me serve
E já vi todas as eras,
Falo em todas as línguas
Sem me limitar em nenhuma.
Sou a novidade eternamente renovada.

Eu sou a Poesia...

2 comentários:

  1. Caro brilhante poeta Gláucio,
    Parabéns pela magistral criação e pela premiação. Foi um presente conhecê-lo e aplaudi-lo de pé ao final de sua declamação.
    Um futuro brilhante o espera. Muita saúde, luz e paz.
    Luiz Eugenio C. Rocha - 3º colocado - Brasília/DF

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    1. Prezado Luiz, só agora vi seu comentário! Muito obrigado pelas palavras. Nos vemos no 3º Festival!

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