quarta-feira, 15 de junho de 2011

Intermezzo

Sou o que fica no meio do caminho
À espera dos que vem e vão.
Sem me encontrar em nenhum dos que partiram
Me reconheço em cada destinatário das vozes.

Sou o próprio meio do caminho
Ligando dimensões conexas,
Vibrando naquela e agindo nesta,
Revelando, relembrando, religando.

Sendo meio de caminho,
Ou seguindo o caminho do meio,
Tenho de apreender a essência
Para aprender na existência
O que me está na consciência.

É preciso fazer um curso,
Traçar um rumo,
Não ser a pedra-obstáculo,
Para transmitir a eternidade
E a certeza que encurta distância
E ameniza a saudade.

Levando aos que esperam
O alento dos que foram,
Não tenho tempo de sentir
A ausência que em mim lateja,
E o consolo que me falta
É suprido pelo que espalho.

Meio-do-caminho-mãos.
Meio-do-caminho-voz.
Meio-do-caminho-imagem-e-som.
Meio-do-caminho-eu-inteiro-e-múltiplo.

E se hoje sou meio,
Serei mais tarde origem
E, quem sabe, destino
A que levará outro meio de caminho.

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