quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Contradições



Penso que o avião,
Seja lá quem o inventou,
Talvez seja a mais poética das máquinas.
Toda aquela bruta materialidade de aço,
Cabos,
Combustível,
Luzes
Se combinam em uma forma
Ao mesmo tempo bela e poderosa,
Verdadeiro objeto barroco
Composto por contrastes.
Toda a força de motores e turbinas
Empregada para elevar os homens
Até o mais etéreo dos lugares,
Onde nos vemos tão pequenos
Que bem passaríamos por insetos.
Ainda assim,
O homem é egoísta o bastante
Para olhar pela janela
E dizer que eles, os outros,
É que parecem formiguinhas.
Do alto, nossa perspectiva é outra,
Embora teimemos em continuar os mesmos.
Do alto, somos todos insignificantes,
Mas ainda buscamos dar significado
Ao nosso existir.
É do alto, enfim, que podemos entender
A dura verdade
De que somos
Todos passageiros.
Glaucio Cardoso
25/05/19
A caminho de Florianópolis para uma oficina de poesia na sede do NEA.

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