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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Sombras...


Pai,

eu volto a evocar o teu fantasma,

como se fosse possível

que te fizesses presente.

Eu volto a evocar tua partida

na vã tentativa de exorcizar

a presença de seu olhar

no espelho que me encara.

Volto a evocar você

nas dúvidas que me assaltam,

na busca por teus conselhos,

na procura por tua aprovação.

Eu te evoco a cada dia,

mesmo sabendo que nunca esteve ausente.

Glaucio Cardoso

09/11/2019


sábado, 3 de setembro de 2022

Seguindo

 


Passei um tempo
Te recordando,
Como quem recorda
Um ex-amor.
Não que já tenha
Um dia te esquecido,
Mas datas redondas
Sempre parecem maiores
Com o tempo,
Embora formadas
Do quebrado de cada dia.

Difícil crer no tanto
De tempo que já passou,
Esse ano terminado
Em zero menos você.

Tantos chegaram
Na tua ausência,
Te contei àqueles
Que não te viram passar,
Como uma forma de
Segurar o tempo.
Mas areia e água
Escorrem das mãos,
Por mais força que se faça,
E assim outros te seguiram.

O caso é que
O tempo passou
E eu segui,
Segui sem você,
Mesmo você seguindo comigo.

Glaucio Cardoso
Para meu pai, no 20° ano de sua partida.
28/05/2022

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Ainda




Ainda é estranho
Não ter você na sala.
Estranho que sua presença silenciosa
Se tornou essa ausência que grita.
Os dias passam,
As lembranças vêm e vão,
Vêm e vão,
Vêm e em vão
Tento segurar cada uma...
É que tudo em você
Parecia tão eterno
Que me fez esquecer que um dia
A Eternidade te chamaria.
E eu sei,
Pois você ensinou,
Que nenhum adeus
É adeus,
Que tudo é até breve,
E mostrou que o amor
Pode caber inteirinho numa vida,
Num abraço
Ou num aceno.

Glaucio Cardoso
14/03/2020
Para Alaíde Varella (1924-2020)

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Passageira presença

Então você se foi,
e com tua partida
foram embora
todos os sorrisos
que ainda não tinhas dado.
E não são poucas
as vezes em que penso em você,
sem lamentações descabidas
por teres ido tão logo,
apenas com a saudade
das palavras que não dissemos,
dos abraços que não trocamos,
dos passeios que teríamos dado.
Recordo você em seu sono,
em seu leito branco,
e tudo o que lembro
são os passos que ainda darias,
os olhares que atrairias,
as estrelas que contaríamos juntos.
Sinto uma certeza
de que nossos caminhos
ainda vão se encruzilhar.
E aí, te contarei de meus caminhos
e tu me dirás dos teus.
E sorriremos juntos,
e passearemos,
e entre um abraço e outro
falaremos de pores-do-sol,
estrelas e arco-íris.
E quando nos despedirmos novamente,
teremos menos saudades
e muito mais lembranças.

Glaucio Cardoso
09/04/2017

Um poema que limpou-me de uma dorzinha antiga.

domingo, 14 de junho de 2015

Ilusória distância



Saudade, palavra única,
Sentimento de todos;
Vivência que chega
E não se vai.

Saudade, palavra ingrata.
Como um som tão bonito
Consegue doer tanto?

A saudade sempre nos alcança
E não tem jeito de fugir;
Saudade pode ser doença,
Banzo de quem é desterrado
De si mesmo.

Saudade pode ser só lembrança,
Mas como cresce...
E fica do tamanho
Que a alimentamos.

Saudade causa engano
Em fazer acreditar
Que é eterna
Quando é só infinita.

Saudade é esperança
E promessa de reencontro.

Natal – 05/06 
Mesquita – 12/06

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Sempre aqui



Quando tua morte chegou
Eu já estava preparado.
Havia organizado os papéis,
Havia pensado os detalhes,
Havia ensaiado as lágrimas
E os comedidos gestos fúnebres,
Mas não me preparei
Pra tua ausência!
Agora não sei que fazer
Com o espaço de sobra,
Com o segundo lugar do sofá,
Com a comida que é sempre muita,
Com o silêncio depois do bom dia.
Tua morte foi toda de uma vez,
Tua ausência chega toda hora.
A morte é aguda,
A ausência é crônica.
Tua morte ficou no campo santo,
Tua ausência está presente nas fotografias.
Belas doutrinas nos ensinam
Que a morte não é o fim,
Mas é sozinhos que temos de aprender
A viver com o sem fim da ausência.
É sozinho que aprendo
A viver com o sem você aqui...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Déjà vu!

Eu sinto aqui comigo
Um sentir não sentido,
Uma experiência não vivida,
Uma carência,
Um vazio,
Uma ausência...
É a saudade de um futuro incerto
Que me bate à porta,
Que sai entrando.
Como fui perder o que ainda não tive?
Como pode existir essa falta,
Essa lembrança do não havido?
Só sei que ela dói,
E vejo que recordo
Aquilo que ainda viverei.