Violão,
meu violão,
em
tuas cordas me derramo,
em
tuas curvas me debruço
sem
te ver a obviedade da metáfora feminina,
lugar
comum que anda com tantos,
mas
comigo não, Violão.
Teus
volteios são pra mim
como
as estradas por que passo;
cada
curva de caminho
é
um acorde que me desperta humano.
As
tuas cordas tão retas-paralelas
se
encontram sob a pressão de meus dedos,
mas
sei que sou eu que me encontro nelas.
O
teu punho e o teu braço
trazem
a força dos sons diversos
e
no reverso de tantas casas,
quanta
beleza ainda jaz adormecida,
quanta
verdade ressoa de tua boca,
esse
buraco negro que atrai tudo,
mas
que derrama e espalha a luz.
Já
andaram me perguntando
do
que é que você é feito,
se
de pinho, de mogno, se de jacarandá
se
de algumas madeiras nobres,
mas
eu respondo que nobre mesmo
é
você ser feito de música.
E
digo sem nenhum exagero
que
aquele símbolo do Moebius
com
que trançam o infinito
é
o teu corpo, violão,
encaixado e tocado nos braços de Deus.
Belo poema Glaucio! Gostei muito do blog.
ResponderExcluir:)
Nossa! Que honra receber um comentário de um dos mestres da lutheria brasileira!
ResponderExcluirObrigado Garrido!