Acima das nuvens,
Envolto de azul,
Tudo igual e novo.
Sou a ave que corta o ar,
Sou a nuvem e o ar e o azul,
Sou o ronco propulsor,
Sou aéreo e dinâmico.
Me elevo e venço limites,
Se trepido é de malandragem,
Eu danço em meio aos elementos,
Eu gingo acima do solo.
Daqui de cima admiro a Arte,
A beleza do Artista Maiúsculo,
No contraste entre minha pequenez
E a grandeza que se homogeneíza ao meu olhar.
Há sons externos que convidam,
Mas prefiro os internos que religam
Com os Eternos que me agitam.
No romper os limites do solo
Se reflete o vencer dos da carne,
Descoberta de potenciais potentes,
Presentes do Onipresente.
É preciso muito tato,
Muita fé, muita atenção
Pra não idolatrar o meu eu,
Pra não pensar que sou maior que o meu tamanho.
Às minhas costas e acima
(six o’clock high)
Apolo clareia a estrada de ar
E mesmo quando Selene ocupa o firmamento,
Há luz que me vem de fora
Pra acender a que me vai dentro.
Mas como a luz nossa só brilha
Quando a divisão com outros se faz
É preciso voltar ao solo,
É preciso firmar no chão
E apontar com o dedo pro infinito
E dizer a quem se arrasta ou engatinha
Que existe uma estrada pro mais alto
E que é tempo de levantar,
Abrir os olhos,
Abrir as asas,
Abrir o peito
E deixar voar o coração.
Finalmente um belíssimo escrito em homenagem a uma máquina. Não se trata apenas de uma máquina, mas de um objeto destinado a carregar dentro de si o mais elevado dos sonhos humanos, divinamente expresso nos versos de Gláucio: a liberdade!
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