segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Pequena história de um amor incompreendido

 



Já faz três noites que esse cricrilar me acorda,

feito um relógio

soa sempre à mesma hora.

Cacei o grilo pela sala,

na cozinha,

e o danado a me zombar

até alta madrugada.


Na quarta noite foi que o vi de relance.


Na quinta noite se mostrou despudorado.


Na sexta noite, com destreza e com um copo,

levei ele para fora.


E no jardim deu um salto em silêncio,

um silêncio tão silêncio

que até me pareceu magoado.


Juro por Deus que me olhou amargurado

e depois desapareceu.


A sétima noite chegou e eu não tenho descanso,

pois agora eu entendi

que abri mão da serenata

que ele me oferecia.

Glaucio Cardoso

29/09/2020

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