Já faz três noites que esse cricrilar me acorda,
feito um relógio
soa sempre à mesma hora.
Cacei o grilo pela sala,
na cozinha,
e o danado a me zombar
até alta madrugada.
Na quarta noite foi que o vi de relance.
Na quinta noite se mostrou despudorado.
Na sexta noite, com destreza e com um copo,
levei ele para fora.
E no jardim deu um salto em silêncio,
um silêncio tão silêncio
que até me pareceu magoado.
Juro por Deus que me olhou amargurado
e depois desapareceu.
A sétima noite chegou e eu não tenho descanso,
pois agora eu entendi
que abri mão da serenata
que ele me oferecia.
Glaucio Cardoso
29/09/2020
Que sutilezas são as formas de amar!
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