O Amor saiu sem máscaras pelos caminhos.
Se mostrava abertamente e mesmo
poucos o reconheceram.
Descobriu, sem surpresa,
que outros andavam se passando por Ele.
A Paixão, por exemplo.
A Paixão se mascara de amor
confundindo companheirismo com submissão
e partilha com posse.
Desequilibrada, a Paixão queima feito fogo
na mata seca,
e depois de passar,
tudo o que sobra são cinzas ao vento.
O Amor também foi confundido com a Volúpia.
Essa força geradora de vida
é capaz de aproximar o humano do divino,
e, ao unir corpos na entrega sincera,
aproxima as essências com a magia da intimidade.
Corrompida pela mesquinhez humana,
a Volúpia transforma o sagrado sexo
em moeda de troca e jogos de poder.
Tem quem pense toscamente
que o Amor é sinônimo de loucura,
essa turvação dos sentidos e da visão
que inverte tudo.
E assim, de passo em passo,
o Amor foi reparando
em tantas coisas
que são tomadas por ele.
Mas continuou seu caminhar,
certo de que nas encruzilhadas desse mundo
há de haver aqueles que o reconheçam pelo que é.
Criador, gerador, geratriz,
toque, afago, presença,
saudade, lembrança e promessa.
Porque ao Amor pouco importa
com o que o confundem.
Porque ao Amor só importa amar.
Glaucio Cardoso
fevereiro de 2021
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