“Sua
benção, Vovô!”,
Eu
pedi me ajoelhando,
Já
não aguento mais
Viver
penando
E
descanso não ter jamais.”
“Trago
o coração amargurado,
Revoltei-me
contra Deus,
Mas
me lanço aos vossos pés
Buscando
os conselhos teus
Pra
fugir do meu revés.”
Da
fumaça de seu cachimbo
O
velho soltou uma baforada,
No
chão riscou um sinal
E
falou com a face iluminada
De
sabedoria ancestral:
“Fio,
nêgo véio sabe é nada
Pra
se fazê de aconselhado,
Mas
divido com fio meu
O
que a vida ensino
E
esse véio não esqueceu.”
“O
hômi vive agastado,
O
tempo querendo mudar
Pelos
caprichos seus
Sem
parar pra atentar
Que
o tempo é presente de Deus.”
“Fio,
quando chega o inverno
E
a dor abate o hômi
Quer
encurtar o momento
Sem
vê que dor que o consome
É
que faz seu crescimento.”
“Quando
a flores surgem
Enfeitando
o seu caminho,
Do
dia de amanhã se esquece,
Não
lembra que tudo fenece
E
que até as rosa tem espinho.”
“Fio,
deixe de reclamação,
Não
dê guarida pra tristeza
E
não alimenta o desengano,
Pois
tudo é certo na natureza
E
obedece ao divino plano.”
“fio,
óia a sabedoria do Pai:
Te
deu dois zóio e duas mão,
Dois
ouvido e uma boca só.
É
tudo parte da criação
Pra
evoluir e desatar os nó!”
Tem
dois zóio pra enxergar,
Pra
vê do mundo as beleza
E
podê cantar de louvor,
Mas
usa a boca pra espaiá tristeza
E
esquece de pregar o amor.”
“fio,
nas resmunga com essa boca,
Que
ocê tem os ouvido
Pras
estrela escuitá
E
alevantá os caído
Que
vive a suplicá.”
“Fio,
quando pensar em pragueja,
Lembra
dos estropiado
E
ao invés de erva daninha
Lança
mão no roçado
Prantando
fruta e frôzinha!”
Enxuguei
então minhas lágrimas
E
vi essa grande verdade:
Que
é preciso viver o Evangelho
Com
humildade e simplicidade
E
a sabedoria de um Preto Velho!
Glaucio Cardoso
12/05/17
Nenhum comentário:
Postar um comentário