quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Conforto




De uma frase de Luise
O que me conforta são as nuvens...
Elas estão e não estão
Onde as vemos,
São e não são
O que entendemos.

Se subimos alto, muito alto,
E nos mesclamos ao azul,
As nuvens são marcos
Não estáticos nem eternos.

Podem ter todas as cores
Do branco ao crepuscular,
E quando carregadas
Tornam-se de um negror
Com tonalidade de chuva.

E é por isso que
O que me conforta são as nuvens,
Pois refletem a perfeição
Da eterna mudança
Que é a mesma
Que vejo em mim.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

De Poetas Sobreviventes



De Poetas Sobreviventes

Tenho pensado em poetas mortos...

Na bala própria de Maiakovski,
Na bala anônima de García Lorca,
Na tuberculose de tantos,
No esquecimento de outros.

Há poetas que parecem
Passar da hora;
Há outros que poderiam
Ter-se demorado um pouco mais;
Pouquíssimos são aqueles
Que poderiam eternizar-se.

Vai saber se todos os poetas
Não terão, em verdade, morrido naturalmente.

Acho que o poeta só morre
Quando sua voz se cala,
Quando seus escritos
Não encontram olhos,
Quando são relegados
A livros fechados.

Tenho pensado em poetas mortos...
Tenho pensado no que espera...